Vez ou outra, é possível que um dinheiro extra entre na nossa conta. Pode ser um presente, o décimo terceiro salário, um bônus recebido no trabalho ou até mesmo um aumento salarial. Como proceder nessas situações?

O princípio geral: economize sempre a maior parte do dinheiro extra

Quem deseja uma vida financeira tranquila deve sempre economizar uma parte do dinheiro extra que entrar. E, de preferência, a maior parte dele. Manter isso em mente é importante para evitar que, junto com a renda extra, as despesas aumentem na mesma proporção – o caminho naturalmente seguido pela maior parte das pessoas.

O que fazer com o dinheiro extra

Por que esse princípio geral é tão difícil de ser implementado? Porque a maior parte das pessoas não tem disciplina para segui-lo. Elas viviam relativamente bem com o salário que tinham e, assim que recebem um aumento, adaptam seu estilo de vida automaticamente a ele.

Isso ocorre por duas razões. A primeira delas é a natural adaptação a um novo padrão. É fácil nos adaptarmos a uma situação melhor, e é natural que procuremos explorá-la ao máximo. Entrou uma graninha extra? O impulso natural é o de a gastarmos logo. Por que não fazer isso? A resposta é: porque não gastar esse dinheiro extra pode ser um grande passo para seu futuro financeiro.

Dinheiro extra

Em segundo lugar, a maior parte das pessoas sente a necessidade de utilizar o dinheiro extra pelo simples motivo de que já precisavam dele para organizar a vida financeira em primeiro lugar. O padrão financeiro antigo já era insustentável porque os gastos já eram maiores do que as receitas desde o início. Quando entra o dinheirinho extra, ele é imediatamente alocado para cobrir o rombo. E isso só acontece porque não havia a disciplina necessária para viver, sempre, abaixo do padrão financeiro propiciado pela renda mensal.

Como definir o quanto economizar da renda extra?

O princípio geral é este: economiza sempre a maior parte do dinheiro extra que entrar. Mas como definir o quanto economizar? Para responder a esta pergunta, é importante distinguir entre renda extra eventual e renda extra constante.

Se você ganhou um bônus no emprego (ou o décimo terceiro, por exemplo), trata-se de renda extra eventual. Você não a receberá nos meses seguintes e, por isso, não pode utilizá-la para incorrer em gastos excessivos, já que isso pode afetar a saúde financeira futura. Nesse sentido, o ideal é economizar a maior parte da renda eventual. A maior parte mesmo!!! Economize 80, 90 por cento de toda a renda extra eventual a fim de evitar comprometer a renda futura.

Renda extra constante

Por outro lado, quando a renda extra é constante, o princípio aplicável é diverso. O que é uma “renda extra constante”? Pode ser um aumento salarial (que é uma “renda extra” quando se considera que o que se recebia antes era o padrão), uma promoção obtida no emprego – enfim, todo acréscimo à renda que se incorpora a ela no longo prazo.

Nesse caso, costumo alocar o dinheiro “novo” em três categorias: inflação, incremento do estilo de vida e aumento da poupança. A primeira prioridade do acréscimo é recompor o valor patrimonial de sua renda. Se o aumento foi de 20% e a sua inflação foi de 5%, então você teve, na verdade, um aumento real de 15% (e não 20%), porque 5% só servirão para a recomposição salarial. Observe que a inflação a ser observada, aqui, é a sua inflação, não a inflação de um índice qualquer. O IPCA pode estar em 6,5% e sua inflação pessoal ou familiar estar acima ou abaixo desse patamar. O IPCA, assim, pode ser utilizado com ressalvas. O ideal é pelo menos uma vez por ano avaliar suas despesas e verificar o quanto os preços pelos mesmos produtos e serviços aumentaram.

Melhoria no estilo de vida

Em segundo lugar, é evidente que um aumento na renda deve levar a uma melhoria no estilo de vida. Afinal, você trabalha para ter uma vida boa – e parte disso significa aumentar o estilo de vida. Mas o erro da maior parte das pessoas é acreditar que todo o aumento de renda deve ser utilizado para isso, e se esquecem das outras prioridades. Se você recebeu um aumento de 20% e 5% deve ser utilizado para recompor a inflação, sobraram 15%. Do que sobrou, guarde pelo menos metade para aumentar o estilo de vida e a metade restante para economizar. Dos 20%, 5% seriam destinados à correção das despesas pela inflação, 7.5% para melhorar a qualidade de vida e 7.5% para economizar mais.

Com isso, você conseguiria melhorar o padrão de vida de maneira sustentável. É claro que muitas vezes os aumentos salariais só são suficientes mesmo para cobrir a inflação. Mas, mesmo nesses casos, o investidor diligente deve a todo momento reavaliar seu patrimônio, sua renda e seus gastos para verificar se as despesas são realmente necessárias e, quando não forem, devem ser cortadas para manter sustentável o estilo de vida. Uma renda extra pode ser uma benção, mas, quando mal utilizada, pode afundar ainda mais quem não tem controle sobre sua vida financeira.

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